Skip to main content

Sobre Thais Emilia

Doutora em Educação (linha Psicologia e Educação), pela Unesp (2020). Mestra em Educação (linha Psicologia e Educação), pela Unesp (2015). Psicanalista (Clinica de Psicanalise- Campinas- 2021). Especialista em Psicopedagogia, pela UNORP (2004). Graduada em Pedagogia, com habilitação em Educação Especial e Ensino Fundamental, matérias pedagógicas do Ensino Médio pela Unesp (2001). Licenciada em Sociologia (2023). Licenciada em Educação Física (2024). Especialista em Educação Especial: Deficiência Intelectual (2023). Habilitação em Educação Infantil e Fundamental I (CEFAM- 1996). Musicista, pela TKT/Minami (1996). Especialização em Ciências Política (Prominas- cursando). É fundadora e presidenta da ABRAI (Associação Brasileira de Intersexo). Embaixadora na luta contra violência de mulheres e meninas pelo Instituto Avon. Coordenadora suplente na área Intersexo da Aliança Nacional LGBTI. Criadora do Grupo Feminista Mulheres Aflitas Maria da Penha. Iniciadora da articulação de diversas políticas públicas por crianças intersexo no Brasil e no Mundo: Desburocratização do Registro civil de bebês intersexo no Brasil juntamente com o CNJ e STF; articulações pelo formulário de notificação de pessoas intersexo no CPF; representou o Brasil na escrita e leitura na Declaração de São José da Costa Rica (pelo direitos humanos- 2020); participou de diversas reuniões e relatórios da OEA (Washington- EUA 2021/2022/2023/2024) e da ONU (UN); articulou e organizou o Informativo sobre bebês intersexo da Secretaria de Saúde de SP e a nota técnica orientativa sobre Intersexo do CRP-SP, membro do Grupo de Trabalho do CFP sobre Intersexualidade. Membro do Grupo de Trabalho do Ministério de Direitos Humanos na área Intersexo. Responsável pela coordenação de diversos projetos pelo fim da violência obstétrica e pela dignidade de bebês intersexo subsidiados por Fundos Internacionais e Nacionais. Atuou como professora de Atendimento Educacional Especializado- AEE (em deficiência múltipla e TEA). Psicopedagoga Institucional, elaborando formulários e reorganizando procedimentos de atendimentos da Secretaria de Educação e participante do Grupo de Trabalho da Lei da Inclusão (2015). Musicista e Dançarina.

INTERESSES E CAUSAS

Desde minha graduação, academicamente falando, tenho desenvolvido uma série de estudos acerca da temática da Educação Especial, Inclusiva e para Todos (diversidades e singularidades), compreendida como um ramo da educação, transversal a todos os níveis, cujo enfoque é o atendimento e a educação de pessoas com alguma deficiência e altas habilidades/superdotação. Dessa temática, aprofundei meu interesse ao investigar a questão da Educação Sexual e Estudos de Gênero, associada, muitas vezes, a uma interpretação errônea e incorreta. Assim, cheguei a meu enfoque geral de investigação: a Educação (sob uma ótima da Sexualidade ou não) de pessoas Intersexo.

Grupo Mulheres Aflitas Maria da Penha

É um grupo no Facebook, com mais de mil participantes, criado em janeiro de 2017. No Natal de 2016, por determinação judicial, meus filhos foram passar o Natal com o genitor, que já tinha sido notificado por vários comportamentos abusivos e de ameaça em relação às crianças. A visita que deveria ser assistida tornou-se um pesadelo: no dia seguinte ao Natal, depois de tentar contato várias vezes, conseguimos um mandato de busca para as crianças. Nesse momento, começamos a receber ameaças. Somente depois de utilizarmos as redes sociais, conseguimos recuperar as crianças. Eles estavam sujos, famintos e relataram que estavam sendo levados para outro estado. A impunidade da justiça brasileira recai sobre o genitor e sua namorada, que foi com quem negociamos a devolução dos meus filhos. Poucos dias depois, eu vejo um relato de uma mulher que passava pela mesma situação.

Tudo isso me mobilizou a criar um grupo no Facebook, para passar informações e conteúdos, orientando orientar mulheres que, mesmo depois de separadas, de saírem de um relacionamento abusivo, continuam a sofrer violências de seus antigos companheiros. Assim, poderia orientar essas mulheres, empoderando-as e minimizando essas violências. Por conta da visibilidade do grupo, em 2019, ele é premiado pelo Instituto Avon, no Prêmio “Juntas Transformamos” e foi finalista no Prêmio “Viva”, da revista Marie Claire.

Para mais informações acesse a página do Grupo Mulheres Aflitas Maria da Penha no Facebook.

Associação Brasileira Intersexo (ABRAI)

A missão da ABRAI é proteger e promover os direitos humanos das pessoas intersexo no Brasil, através da conscientização sobre variações sexuais e questões intersexo em todos os níveis da sociedade, especialmente entre instituições médicas, políticas, jurídicas e educacionais, da defesa de políticas públicas para pessoas intersexo, e da promoção de campanhas de solidariedade para apoiar pessoas intersexo vulneráveis no Brasil.

A ABRAI surgiu de um iniciativa de diversos ativistas Intersexo e de aliados da causa, que, inicialmente, criaram uma página chamada “Visibilidade Intersexo”, envolvendo ativistas como Eris Haru, Olívia Denardi e Dionne Freitas. Posteriormente, Dionne Freitas, Shay Bittencourt, Amiel Vieira, Alex Bonotto, Eris Haru, Olívia Dernardi, Jéssica Torrano e Yume Lee (in memoriam) conversam sobre a necessidade de uma representatividade formal, inicialmente, chamada de União Brasileira Intersexo (UBI).

Nesse cenário, eu e o Beto (Elisberto Campos) procuramos alguma associação e ONGs de apoio, quando Jacob Cristopher (in memoriam) nasceu e não encontram nenhuma associação. Nasce, assim, a ABRAI, que congrega diferentes ativistas em uma mesma causa: a integridade física e psíquica da pessoa Intersexo.

Para mais informações acesse a página oficial da ABRAI.

Instituto Jacob Cristopher – Educação, Diversidade e Inclusão Social

O Instituto oferece consultorias, atuando em programas de Educação, de Diversidade e de Inclusão em instituições e em empresas que buscam maneiras de contribuir corporativamente com as questões da Equidade Social. O Instituto é fruto de uma homenagem a Jacob Cristopher (in memoriam), bebê intersexo que marcou a história da luta intersexo no Brasil, contribuindo para importantes mudanças. Infelizmente, Jacob tornou-se um anjo, e está cuidando de todos nós. Sua memória permanece presente em nossa luta diária! Por isso, se você tem ou representa uma marca que deseja fazer parte desse movimento, encontrou a parceria ideal para dar os primeiros passos.

“Educação, Diversidade e Inclusão Social”. Consultoria, palestras, cursos e venda de livros. Atuamos nas áreas de Inclusão Educacional e Social, Gênero e Sexualidade, N.E.E., PCD. @institutojacobcristopher.

Atualmente, o Instituto está produzindo o documentário Intersexo, promovendo diálogos e escuta de pessoas assistidas pela ABRAI e responsáveis por pacientes crianças intersexo, para construir um roteiro verdadeiro e fiel à realidade e à luta.

“Democratizar o processo de produção através da realização de diálogos ao vivo nas redes sociais sobre os conteúdos das gravações para mobilizar e promover os objetivos do filme.”

Mais informações em https://www.catarse.me/CCIntersexo

Projeto Rede Jacob – Psicopedagogia e Intersexualidade

O projeto oferece apoio psicopedagógico a crianças e a adolescentes Intersexo. É uma parceria entre a ABRAI e o Instituto Jacob, com apoio da Astraea Lesbian Foudation. O projeto luta contra as cirurgias de mutilação, buscando uma abordagem mais humanizada e que respeite o corpo e o espaço das crianças e dos adolescentes.

Documentário intersexo

Crianças com corpos Intersexo são invisibilizadas e silenciadas. A ausência e a incompletude dos dados promovem essa aguda invisibilização social, potencializa ao extremo a exclusão e controle dos corpos intersexo. Como resultado, pouco se fala sobre intersexualidade. Sem dados, sem debates e reflexões, o quadro atual de invisibilidade das intersexualidades viabiliza uma grave quadro de violações e abusos dos direitos humanos de pessoas intersexo. Desse modo, a pouca consciência a respeito da diversidade do sexo tem resultado em diversos tratamentos médicos forçados, como a performance de cirurgias de mutilação genital e homonização forçadas e sem o consentimento livre e informado da pessoa intersexo, expecialmente crianças.

Estudos indicam que informações corretas e comportamentos de autonomia, de reciprocidade e de cooperação, ou seja, a responsabilidade afetiva, o respeito à diversidade, o respeito ao corpo seu e do outro diminuem os comportamentos de riscos, e consequentemente a vulnerabilidade e o envolvimento em relacionamentos abusivos (CAMPOS, 2015). Nessa perspectiva produzimos uma série de materiais, porém percebemos que não estão acessíveis, assim propomos esse projeto.

Nesse contexto, o documentário colabora com a luta Intersexo mostrando problemáticas apresentadas na Declaração de San José de Costa Rica, discutindo o massacre de corpos Intersexo, estimulando a mobilização social, promovendo articulações, entre outros vários elementos.

Canal no YouTube

O Canal Thais Beto foi criado em 2017. De modo mais informal, mas sempre preocupados com a seriedade, trazemos assuntos sobre sexualidade de modo geral. Entrevistas, documentários e outros vídeos nos quais eu, Beto e Jacob participamos ao longo do ativismo por direitos de crianças Intersexo. Lá, também falamos da minha trajetória na luta contra a violência de mulheres e de meninas. Atualmente, os vídeos são voltados para o empoderamento e para o enfrentamento das violências de gênero. Para alguns momentos mais leves, performances de Pole Dance, Chair Dance e Lap Dance do casal Thais e Beto.

A questão Intersexo

Pensar a questão Intersexo é extremamente complexo. Quando nos aprofundamos no debate sobre quem é a pessoa Intersexo, percebemos que o conceito ainda está em constante construção e reconstrução (SANTOS-CAMPOS, 2020). O principal aspecto que me levou a observar o tema foi a presença de Jacob (in memoriam), um anjo que me despertou para a problemática Intersexo, especialmente em bebês e em crianças, tanto pela luta contra as mutilações e pelos direitos de todas as crianças.

Jacob

Nasci em São Paulo, não a São Paulo do Caetano, naquela em que todos olham a Ipiranga com a São João, mas, sim, em um táxi, em plena sexta-feira 13. Nascer é sempre um ato difícil. Eu nasci, fui designada mulher (tinha uma vagina, nenhuma deficiência). O teste do pezinho estava começando em 1978, como parte das ações da APAE. Nasci, tornei-me cidadã, com todos os direitos e os deveres possíveis (mais deveres do que direitos). Mais perseguição do que proteção. Ao longo de minha vida, nunca imaginei que nascer mulher fosse tão complexo ou, ainda, ser designada mulher, posta em uma sociedade sexista. Sobre isso, falamos daqui a pouco.

Mudei-me para o interior do estado, em São José do Rio Preto, uma cidade quente do noroeste paulista. Aqui, cursei e conclui, em 1996, o Curso técnico e profissionalizante em Magistério, pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério, sendo habilitada a trabalhar com a Educação Infantil e Fundamental. Em seguida, mudei para Marília para cursar Pedagogia com Habilitação em Educação Especial que sempre foi meu sonho, trabalha com crianças PCD, onde cursei no câmpus da Unesp de lá a Graduação em Pedagogia, com ênfase em Educação Especial. Quando me mudei para lá, eu trabalhava como música e tocava na noite de Marília, conheci Ana Carolina no início de sua carreira, conheci muitos músicos famosos. Depois, fiz uma série de cursos na Universidade de São Paulo (USP), quando então descobri meu real desejo: cursar o Mestrado e o Doutorado. Em 2013, ingressei no Programa de Pós-Graduação em Educação, contemplada uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Fui orientada pelo professor doutor Raul Aragão Martins, que tem se dedicado a trabalhar com a temática da Sexualidade em diversos níveis. Desenvolvi um trabalho sobre a Educação Sexual e a questão da autonomia, pensada como uma proposta de intervenção para aluno do Ensino Médio. Em 2016, ingressei no curso de doutorado, no mesmo Programa, também o professor Raul. Consegui uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Agora, investigaria a temática da Educação de crianças e de adolescentes intersexo.

Durante esse período, em 2016, nasceu Jacob. Aos 7 meses de gestação, uma ressonância fetal identificou uma ambiguidade sexual. Eu não me importei com o sexo entendia como um corpo não binário, apena isso, as leituras de Butler e de Reich no mestrado me fizeram uma pessoa livre da sexualidade de caixinhas. Não era minha preocupação: Jacob tinha microcefalia e um grave problema no coração. Esses, sim, eram meus maiores medos e problemas. Contudo, quando Jacob nasceu, essa preocupação não foi a mesma da equipe médica. No primeiro dia de vida de Jacob, o órgão genital foi a maior preocupação das equipes médicas do hospital que o submeteram a diversos exames e ultrassons, pretendendo definir seu sexo. Depois de muito tempo, os médicos recomendaram uma cirurgia de designação sexual, que recusamos. Por conta da ausência de uma definição binária do sexo (masculino ou feminino), o hospital recusou-se a emitir a Declaração de Nascido Vido (DNV), essencial para solicitarmos a Certidão de Nascimento. Durante dois meses, não consegui ter acesso à licença-maternidade, nem Jacob ao SUS e ao Convênio de Saúde, até ele ser registrado com o sexo masculino e ter o documento.

Depois de tudo o que ocorreu, descobri que, desde 2012, é possível registrar o sexo como “ignorado”, quando a criança é Intersexo. Um ano e meio depois de nascer, esse pequeno anjo, símbolo de toda a luta Intersexo, deixou-nos, por um problema cardíaco – o que me preocupava, não pelo sexo, não por ser Intersexo. Depois que nos deixou, Jacob me motivou ainda mais a continuar. Finalizar a escrita da tese, sobre a Educação de crianças e de adolescentes Intersexo não foi fácil. Acho que se existe um plano superior, Jacob está lá e cuidava/cuida de mim.

Com o nascimento de Jacob, comecei uma missão: ajudar mães de e crianças e de adolescentes Intersexo. Em 2018, começamos o processo de regulamentação da Associação Brasileira Intersexo (ABRAI). Em 2019, assumi a presidência da Associação e em 2020 regulamentamos a ABRAI, que vem atuando no atendimento de pessoas Intersexo e de seus familiares, por meio de parcerias com laboratórios, com ambulatórios e com médicos.  A ABRAI oferece serviços psicoterapêuticos e clínicos abrangentes, além de alojamento temporário para pessoas Intersexo e para seus familiares.

Jacob, porém, não foi o único momento complexo em minha vida.

Violência contra Mulher

Sou Embaixadora na Luta contra a Violência de Mulheres e Meninas (AVON). Essa história decorre de um infeliz e quase fatídico episódio de minha vida. Tive um relacionamento desde os 15 anos até os 19 anos, quando fui morar com meu então parceiro. Vivenciei até os 37 anos diversas violências: abusos morais, físicas, sexuais. Ameaças. Tive fotos íntimas divulgadas. Era rotineiramente abusada. Minha casa e meu carro foram vendidos. Perdi celulares, louças, móveis, roupas, fotos e diplomas, que foram destruídos. Enfrentei o desejo do suicídio, para me libertar desse espaço de abusos. Somente aos 37 anos, com 9 boletins de ocorrência, consegui apoio e forças para me libertar desse ciclo de violência.

Desde então, venho atuando na defesa de Mulheres e de Meninas. Para apoiar as vítimas de violência, comecei a dar entrevistas e palestras e criei uma página no Facebook “Mulheres Aflitas”, além de um grupo no WhatsApp, para auxiliar e para dar apoio às vítimas de violência.

Relembrando o passado: da alfabetização à Universidade

Em vários momentos, é preciso voltar ao passado, para dar um novo passo para frente. Desde muito jovem enfrentei algumas dificuldades, relacionadas com a Superdotação. Eu tive uma alfabetização muito precoce, aos 4 anos. Esse foi apenas o primeiro passo para minha jornada: já no Ensino Médio, recebi o diagnóstico de superdotada. Aos 16 anos, eu já atuava como professora de Música e, aos 17, como professora de alfabetização de Jovens e de Adultos na Unesp. O diagnóstico me levou a uma pressão e a uma expectativa, típicas de quem tem Superdotação.

Na faculdade, por exemplo, ao final da Graduação, fui convidada a publicar em revistas científicas internacionais e a três pesquisas de mestrado, não aceitei nenhum, queria ficar apenas em casa e ser mãe.

Essa precocidade foi muito complexa para mim. Quando mais jovem, eu era a aluna problema: terminava sempre o conteúdo antes dos demais e, então, acabavam me tornando um problema, por bagunçar e por atrapalhar os demais. A pressão era muito grande.

A todo momento era mergulhada em um superestímulo acadêmico. Apenas acadêmico. O aspecto emocional ficava de lado, quando não era totalmente ignorado.

Beto

Conhecer-me implica, necessariamente, falar de meu companheiro, meu parceiro de trabalho e de dança, Beto. Depois que sai do relacionamento abusivo, fui levada a trabalhar como dançarina em uma boate. Nesse momento, conheci o Beto, que trabalhava na mesma casa. Rapidamente, nos tornamos amigos e, talvez, a partir disso, um relacionamento livre dos padrões normativos de namoro, mas não aberto como as pessoas imaginam, apenas de muita cumplicidade. Desse relacionamento, vem nosso querido anjo, Jacob.

Beto não só foi um apoio na minha luta contra o feminicídio, mas, também, um ponto de apoio na gravidez e todos cuidados de Jacob. Desde que Jacob se foi, Jenny, Gui e Ale são meus estímulos para continuar. Ele também foi muito importante para meus dois filhos, do relacionamento anterior, tanto por seu um pai presente, como por assumir a figura da paternidade de forma efetiva, ao reconhecer a paternidade (conforme disposto pelo Conselho Nacional de Justiça, desde 2012). Atualmente, Beto é empresário e ativista na ABRAI.

Maternidade

Maternidade é um tema muito caro para mim. Nunca quis ser doutora, mas sempre quis ser mãe. Isso é algo que me marcou. Em minha primeira gravidez, tive um aborto decorrente de violência doméstica. Ao 26 anos, tive o Guilherme, que nasceu prematuro. Fiquei quatro meses internada, por ser uma gravide de alto risco, com arritmia cárdica, após o nascimento Guilherme estava bem, e eu tive suspeita de leucemia e tumor no cérebro. Fiz vários exames, mas, felizmente, tudo era consequência do stress corpóreo e das transfusões de sangue que recebi no parto. Fiquei mais seis meses de cama quatro meses no hospital em decorrência de sua prematuridade. Até aqui já podemos notar que realizar esse sonho de ser mãe nunca foi tão fácil.  Depois do Gui, tive uma outra gravidez que, infelizmente, perdi. O bebê era cardíaco e eu tive muitas hemorragias, que quase me levaram à óbito. Depois, tive o Alexandre, que passou seus três primeiros anos de vida praticamente morando em um hospital, por condições respiratórias. Alexandre é uma criança vivendo no TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Depois do Alexandre, tive o Jacob, que nasceu com uma cardiopatia grave, vindo a falecer com 1 ano e 7 meses. Aos 40 anos, engravidei da Jenny, a talvez pior de todos os partos, hemorragias, complicações, fibros, pânico, ansiedade de estar percebendo que Jacob iria partir, cirurgia muito longa. Não aconselho ninguém a fazer 4 cesáreas, fiz por condições de saúde ruins. Ambos são muito importantes em minha vivência por terem sido gestações durante o desenvolvimento de minha tese. Jacob, além da cardiopatia grave, foi diagnosticado como intersexo. Jenny representa um marco: enquanto muitas amigas estavam sendo avós, eu estava sendo mãe. Durante o período, não pude usufruir da licença maternidade: no caso do Jacob, dada a condição intersexo, não havia reconhecimento legal; no caso da Jenny, o Programa de Pós-Graduação de Marília (Unesp) não previa, até então, a licença maternidade.

Claro que, aqui, eu apenas trouxe pequenos momentos… Não por sua significância, mas pelo tamanho da narração. Não falei sobre a cesariana, sobre outros vários aspectos.

Para saber mais sobre essa jornada, sobre a minha trajetória e a do Jacob, o bebê que marcou e que marca o movimento intersexo no Brasil, clique aqui e adquira meu livro! Garanto que você vai se emocionar… E viver tudo isso junto comigo!

Muitas vezes, escrever, em minha vida, tem sido algo, um momento terapêutico. Nos momentos em que escrevo, reorganizo a mim mesma, elaboro e reelaboro dores e outros sentimentos, mato a saudade, relembro acontecimentos, avanço em conceitos. Nesse movimento complexo, consigo compreender novos pontos de vista, aprendo e reeduco-me. Aqui, você pode acessar e adquirir minhas principais publicações. Algumas acadêmicas, outras informativas e pessoais, além de autobibliográficas. Curta as leituras e enviei sua opinião sobre os textos! Escrever é isso: rascunhar páginas que serão lidas e comentadas…

Filter

Lançamento de livro sobre bebês intersexo na 26ª Bienal Internacional do Livro

Por Thais Emilia Foi muito emocionante lançar a 2ª edição do livro Jacob (y), “entre…

Elas, aos 40 anos: modelos com corpos reais e empoderadas!

Por Thais Emilia, Kelly Oliveira e Janaína Sacco Ensaio fotográfico de Lingerie e resgate da…

Avaliação Psicopedagógica

A Avaliação Psicopedagógica não é algo simples e não é qualquer psicopedagogo que está apto…

Jacob(y), “entre os sexos” e cardiopatias, o que o fez Anjo?

No livro, falo sobre minha trajetória como mãe de Jacob, bebê intersexo que marca a…

Capítulo no livro Intersexo

No livro Intersexo, organizado por Maria Berenice Dias (jurista, advogada e ex-magistrada brasileira, desembargadora aposenta…

Capítulo no livro Mulheres, gênero e sexualidades na sociedade: diversos olhares sobre a cultura da desigualdade

No livro Mulheres, gênero e sexualidades na sociedade: diversos olhares sobre a cultura da desigualdade,…

Capítulo no livro Saúde LGBTQIA+ Práticas de Cuidado Transdisciplinar

No livro Saúde LGBTQIA+ Práticas de Cuidado Transdisciplinar, organizado por Saulo Vito Ciasca (Médico Psiquiatra,…

Artigos publicados

Além de livros e de capítulos publicados, tenho vários artigos publicados em periódicos científicos. Veja-os…

Participacão no livro Metodologias de Ensino e a Apropriação de Conhecimento pelos Alunos

No livro organizado por Laurence Duarte Colvara (Unesp) e José Brás Barreto de Oliveira (Unesp),…